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10 Mitos Anti-Gay Desmascarados

Desde que a cantora reconvertida e garota-propaganda de suco de laranja Anita Bryant, ajudou a lançar o movimento contemporâneo anti-gay há 40 anos, algumas pessoas linha-dura da direita religiosa vêm procurando maneiras de demonizar pessoas homossexuais — ou, pelo menos, encontrar argumentos que impeçam sua normalização na sociedade.

Para a ex-miss Flórida e seu grupo (Salve Nossas Crianças), foi o suposto plano de gays e lésbicas para “recrutar” nas escolas que serviu de base para sua cruzada.

Mas, além de pregar este mito, as legiões de ativistas anti-gay seguintes adicionaram um arsenal de outros, desde a alegação extremamente duvidosa de que a orientação sexual é uma escolha, a mentiras deslavadas como a afirmação de que homens gays molestam muito mais crianças que heterossexuais, ou que leis contra crimes de ódio levariam à legalização da depravação e da necrofilia.

Esses contos de fadas são importantes para a direita anti-gay porque formam a base da alegação de que a homossexualidade é um mal social que deve ser suprimido — opinião rejeitada por virtualmente todas as autoridades médicas e científicas relevantes.

Eles certamente também contribuem para a violência de crimes de ódio direcionados à comunidade LGBT que é mais visada para esse tipo de ataque que qualquer outro grupo minoritário nos EUA.

A seguir, temos 10 mitos-chave divulgados pelo movimento anti-gay, juntamente com a verdade por trás da propaganda.

MITO 1

Homens homossexuais molestam crianças a taxas muito maiores que heterossexuais.

O ARGUMENTO

Retratar homens homossexuais como uma ameaça a crianças pode ser a arma mais potente para atiçar o medo público contra homossexuais — e para ganhar eleições e plebiscitos, como Anita Bryant descobriu durante sua bem-sucedida campanha para derrubar uma portaria de proibição da discriminação contra homens homossexuais em Dade County, Fla., em 1977.

O desacreditado psicólogo Paul Cameron, o maior fornecedor de dados científicos fraudulentos anti-gay, foi um dos maiores promotores desse mito.

Embora tenha sido desmascarado de maneira repetida e muito pública, o trabalho de Cameron continua sendo amplamente invocado por organizações anti-gay, apesar de muitas não mais mencionarem seu nome.

Outros citam um grupo chamado (Faculdade Americana de Pediatras – ACPeds) alegando, assim como (Conselho de Pesquisa Familiar) o fez em novembro de 2010, que “pesquisas mostram, sem dúvida, que a homossexualidade representa um risco [de abuso sexual] para crianças”.

OS FATOS

De acordo com a American Psychological Association (Associação Americana de Psicologia), “homens homossexuais não são mais propensos a abusar sexualmente de crianças que homens heterossexuais”.

Gregory Herek, um professor da University of California (Universidade da Califórnia), Davis, um dos principais pesquisadores do país em preconceitos contra minorias sexuais, revisou uma série de estudos e não encontrou nenhuma evidência de que homens homossexuais molestam mais crianças que heterossexuais.

Ativistas anti-gay alegam que todos os homens que molestam meninos devem ser considerados homossexuais.

Mas uma pesquisa de A. Nicholas Groth, pioneiro no campo de abuso sexual infantil, mostra que isso não é verdade.

Groth descobriu que existem dois tipos de molestadores infantis: fixado e regressivo.

O molestador fixado — o pedófilo estereotipado — não pode ser considerado homossexual ou heterossexual porque “frequentemente considera adultos de qualquer sexo repulsivos” e geralmente molestam crianças de ambos os sexos. Molestadores regressivos geralmente sentem atração por outros adultos, mas podem “regredir” e focarem-se em crianças quando confrontados com situações estressantes.

Groth descobriu, como Herek observa, que a maioria dos agressores regressivos eram heterossexuais em seus relacionamentos adultos.

O Child Molestation Research & Prevention Institute (Instituto de Pesquisa & Prevenção do Abuso Sexual Infantil) observa que 90% dos molestadores de crianças faz vítimas em sua rede familiar e de amigos, e a maioria são homens casados com mulheres.

Portanto, a maioria dos molestadores de crianças, não são gays à espreita em escolas esperando para raptar crianças no playground, como a retórica da direita religiosa sugere.

Alguns ideólogos anti-gay mencionam a oposição da ACPeds em relação à parentalidade homoafetiva como se a organização fosse uma ordem profissional legítima.

Na verdade, a suposta faculdade é uma pequena facção dissidente da American Academy of Pediatrics (Academia Americana de Pediatria) com 60.000 membros, nomeada de maneira semelhante, que exige de seus membros a condição de “manter-se fiel às crenças centrais do grupo... [inclusive] que a unidade tradicional familiar, liderada por um casal heteroafetivo, oferece muito menos fatores de risco na adoção e criação de crianças”.

A publicação do grupo, Facts About Youth (Fatos Sobre a Juventude), de 2010 pela American Academy of Pediatrics (Academia Americana de Pediatria) como não reconhecendo evidências científicas e médicas relativas a orientação sexual, identidade sexual e saúde, ou educação sanitária eficaz.

Francis Collins, diretor do National Institutes of Health (Instituto Nacional de Saúde), foi um dos muitos pesquisadores legítimos que afirmaram que a ACPeds não representava as descobertas do Instituto. “Para mim, é perturbador ver grupos com interesses específicos distorcerem minhas observações científicas para levantar questões contra a homossexualidade”, escreveu ele. “As informações que eles apresentam são enganosas e incorretas”.

Outro crítico da ACPeds é o Dr. Gary Remafedi, um pesquisador da University of Minnesota (Universidade de Minnesota) que escreveu uma carta para a ACPeds repreendendo a organização por fazer mau uso de suas pesquisas. Apesar disso tudo, a direita anti-LGBT continua a divulgar esse mito nocivo e infundado, que provavelmente é a principal acusação contra homens homossexuais.

MITO 2

Pais do mesmo sexo prejudicam as crianças.

O ARGUMENTO

A maioria das organizações anti-gay linha-dura está fortemente envolvida, do ponto de vista religioso e político, na promoção do núcleo familiar tradicional como a única base para a criação saudável de filhos.

Elas conservam a crença reflexiva de que pais do mesmo sexo prejudicam as crianças — embora a natureza exata desse suposto dano varie muito.

OS FATOS

Nenhuma pesquisa legítima demonstrou que casais homoafetivos sejam mais ou menos prejudiciais para crianças que casais heterossexuais.

Academia Americana de Psiquiatria para Crianças e Adolescente afirmou, em 2013 que “pesquisas atuais mostram que crianças com pais gays e lésbicas não diferem de crianças com pais heterossexuais em seu desenvolvimento emocional ou relacionamentos com seus pares e adultos” e elas “não são mais propensas que filhos de pais heterossexuais a desenvolver problemas emocionais ou comportamentais”.

Academia Americana de Pediatria – AAP declarou em uma declaração de política de 2002: “Um volume crescente de literatura científica demonstra que crianças que crescem com um ou dois pais/mães homossexuais saem-se tão bem emocional, cognitiva, social e sexualmente quanto crianças cujos pais são heterossexuais”.

Essa declaração de política foi reafirmada em 2009 e em 2013, quando a AAP declarou seu apoio ao casamento civil para casais do mesmo sexo e adoção integral e acolhimento familiar para todos os pais, independentemente de sua orientação sexual.

Associação Americana de Psicologia – APA observou, em 2004, que “casais homoafetivos são notavelmente similares a casais heterossexuais e que a eficiência, a adaptação, o desenvolvimento e bem-estar psicológico da criança não estão relacionados à orientação sexual dos pais”.

Além disso, a APA declarou que “crenças de que lésbicas e gays não são bons pais não têm fundamento empírico”.

No ano seguinte, em 2005, a APA publicou um resumo de resultados de pesquisas sobre pais gays e lésbicas, e reiterou que dados de pesquisa não embasam os estereótipos negativos sobre pais LGBT.

Da mesma forma, a posição oficial da Child Welfare League of America (Liga Americana de Bem-Estar Infantil) a respeito de pais do mesmo sexo é que “lésbicas, gays e bissexuais são tão adequados como pais para criar filhos quanto seus homólogos heterossexuais”.

Uma revisão de pesquisa de 2010 sobre pais do mesmo sexo realizada pelo LiveScience, um site de notícias científicas, não encontrou diferenças entre crianças criadas por pais heterossexuais e crianças criadas por lésbicas.

Em alguns casos, descobriu-se que crianças de famílias com pais do mesmo sexo podem, na realidade ser mais bem adaptadas que em famílias com pais heterossexuais.

Um estudo preliminar realizado na Austrália em 2013 descobriu que filhos de pais gays não apenas prosperam, mas também podem ter melhor saúde geral e maiores taxas de coesão familiar que em famílias heterossexuais.

O estudo é a maior tentativa do mundo em comparar filhos de pais do mesmo sexo com filhos de pais heterossexuais. O estudo completo foi publicado em junho de 2014.

Entretanto, a direita anti-LGBT continua usando esse mito para negar direitos à comunidade LGBT, seja distorcendo pesquisas legítimas ou conduzindo “estudos” por simpatizantes anti-LGBT, como um ensaio de 2012 popularmente conhecido como Estudo Regnus.

O artigo do professor de sociologia da Universidade do Texas Mark Regnerus pretende demonstrar que pais do mesmo sexo prejudicam os filhos.

O estudo recebeu quase US$ 1 milhão de financiamento de grupos de reflexão anti-LGBT e, embora o próprio Regnerus tenha admitido que seu estudo não prova o que as pessoas afirmam que ele prova em relação aos “danos” da parentagem do mesmo sexo, o estudo continua sendo usado como prova de que filhos de famílias de pais do mesmo sexo estão em perigo.

Desde a publicação do estudo, ele vem sendo completamente desacreditado por causa de sua metodologia deficiente e financiamento suspeito.

Em 2013, Daren Sherkat, um estudioso nomeado para revisar o estudo do periódico acadêmico que o publicou disse ao Southern Poverty Law Center que ele “rejeita completamente” o estudo, afirmando que Regnerus “foi desonrado” e que o estudo era “ruim... inferior ao padrão”.

Na primavera de 2014, a University of Texas’s College of Liberal Arts and Department of Sociology (Faculdade de Artes Liberais e o Departamento de Sociologia da Universidade do Texas se distanciaram publicamente de Regnerus no dia seguinte àquele em que ele testemunhou como “especialista” em favor da proibição do casamento homoafetivo em Michigan. O juiz, neste caso, Bernard Friedman, considerou que o testemunho de Regnerus foi “inteiramente sem credibilidade e não merecedor de consideração”, e julgou que a proibição do casamento homoafetivo no Michigan era inconstitucional. Apesar de tudo isso, o Regnerus Study ainda é usado nos EUA e fora dele como uma ferramenta de grupos anti-LGBT para desenvolver políticas e leis anti-LGBT.

MITO 3

As pessoas tornam-se homossexuais porque foram abusadas sexualmente quando crianças ou porque seus pais fracassaram como modelos exemplares dos papéis sexuais.

O ARGUMENTO

Muitos ativistas da direita anti-gay alegam que a homossexualidade é uma doença mental causada por alguns traumas psicológicos ou aberração na infância.

Esse argumento é usado para contrariar a observação comum de que ninguém, gay ou heterossexual, conscientemente escolhe sua orientação sexual.

Joseph Nicolosi, um fundador da Associação Nacional para Pesquisa e Terapia da Homossexualidade, afirmou em 2009 que “se traumatizar uma criança de maneira específica, você criará uma condição homossexual”.

Ele também afirmava repetidamente “Pais, se não abraçarem seus filhos, algum outro homem o fará”. Um efeito colateral desse argumento é a demonização dos pais de homens homossexuais e lésbicas, que acabam questionando se falharam na proteção de seus filhos contra abusos sexuais ou se fracassaram como modelos exemplares.

Em outubro de 2010, o professor de estudos familiares da Universidade do Estado do Kansas Walter Schumm publicou um estudo relacionado no periódico britânico Journal of Biosocial Science, antes conhecido como Eugenics Review.

Schumm argumentou que casais gays são mais propensos que casais heterossexuais a criar filhos gays ou lésbicas através do modelo de “comportamento gay”. Schumm, que também argumentou que relacionamentos lésbicos são instáveis tem laços com o psicólogo desacreditado e mentiroso anti-LGBT Paul Cameron, autor de numerosos “estudos” completamente sem base sobre os supostos malefícios da homossexualidade. Críticos do estudo de Schumm observam que ele parece apenas agregou dados informais, resultando em uma amostra tendenciosa.

OS FATOS

Nenhum estudo científico ligou definitivamente a orientação ou identidade sexual com modelo exemplar dos pais ou abuso sexual na infância.

A Associação Americana de Psiquiatria observou, em uma folha informativa de 2000, disponível no website da organização, que trata de questões sobre gays, lésbicas e bissexuais, que o abuso sexual não parece ser mais prevalente em crianças que crescem e se identificam como gays, lésbicas ou bissexuais que em crianças que crescem e se identificam como heterossexuais.

Da mesma forma, a National Organization on Organização Nacional de Vitimização Sexual Masculina observa em seu website que “especialistas do campo da sexualidade humana não acreditam que experiências sexuais prematuras tenham um papel significativo sobre a orientação sexual no fim da adolescência ou na vida adulta” e acrescenta que é improvável que alguém possa fazer outra pessoa ser gay ou heterossexual. A Advocates for Youth (Defensores da Juventude), uma organização que atua dentro e fora dos EUA no campo da saúde reprodutiva e sexual de adolescentes, também afirmou que abusos sexuais não “transformam” o jovem heterossexual em gay. Em 2009, o Dr. Warren Throskmorton, um psicólogo da Christian Grove City College (Faculdade Christian Grove City), observou em uma análise que “as pesquisas sobre abuso sexual entre a população LGBT frequentemente são usadas indevidamente para fazer deduções sobre as causas [da homossexualidade]”.

MITO 4

Pessoas LGBT nem de longe têm vida tão longa quanto heterossexuais.

O ARGUMENTO

Organizações anti-LGBT, buscando promover a heterossexualidade como “escolha” mais saudável, frequentemente usam a suposta vida mais curta e a saúde física e mental mais frágeis de gays e lésbicas como razões pelas quais eles não devem poder adotar crianças.

OS FATOS

Essa mentira pode ser rastreada diretamente da desacreditada pesquisa de Paul Cameron e seu Family Research Institute (Instituto de Pesquisa Familiar), especialmente um artigo de 1994 do qual ele é coautor, intitulado “The Lifespan of Homosexuals” (A Longevidade dos Homossexuais).

Usando obituários recolhidos de jornais que servem a comunidade gay, ele e seus dois coautores concluíram que homens homossexuais morriam, em média, aos 43 anos, enquanto a expectativa média de vida da época era em torno dos 73 anos para todos os homens dos EUA.

Com base nesses mesmos obituários, Cameron também alegou que homens homossexuais eram 18 vezes mais propensos a morrer de acidentes de carro em comparação com heterossexuais, 22 vezes mais propensos a morrer de ataques cardíacos que brancos e 11 vezes mais propensos que negros a morrer da mesma causa.

Ele também concluiu que lésbicas eram 487 vezes mais propensas a morrer por assassinato, suicídio ou acidentes em comparação com mulheres heterossexuais. Notavelmente, essas alegações tornaram-se elementos importantes para a direita anti-gay e frequentemente chegam a meios de comunicação muito mais convencionais.

Por Exemplo, William Bennett, secretário da educação durante o governo do presidente Reagan, usou as estatísticas de Cameron em uma entrevista concedida em 1997 ao programa “This Week” do canal ABC News. Contudo, como em praticamente toda sua “pesquisa”, a metodologia de Cameron é flagrantemente defeituosa — sendo o motivo mais óbvio o fato de que as amostras que ele selecionou (os dados de obituários) não representavam estatisticamente a população LGBT como um todo. Até mesmo Nichols Eberstadt, um demógrafo do conservador American Enterprise Institute (Instituto Americano de Empresas), chamou os métodos de Cameron de “simplesmente ridículos”. Organizações anti-LGBT também tentaram apoiar essa alegação distorcendo o trabalho de estudiosos autênticos, como um estudo de 1997 conduzido por uma equipe canadense de pesquisadores que lidava com homens homossexuais e bissexuais que viviam em Vancouver no final da década de 1980 e início da década de 1990. Os autores descobriram que seu trabalho estava sendo deturpado por grupos anti-LGBT e divulgaram uma resposta advertindo os grupos.

MITO 5

Homens homossexuais controlavam o Partido Nazista e ajudaram a orquestrar o Holocausto.

O ARGUMENTO

Essa alegação vem diretamente do livro de 1995 intitulado A Suástica Cor-de-Rosa: Homossexualidade no Partido Nazista, de Scott Lively e Kevin Abrams.

Lively é o rancoroso fundador do anti-gay Ministérios da Permanência da Verdade e Abrams é o organizador do grupo chamado Comitê Internacional para a Verdade sobre o Holocausto, que em 1994 tinha Lively como membro.

O principal argumento de Lively e Abrams é que homens homossexuais não foram vitimados pelo Holocausto. Ao invés disso, Hitler deliberadamente buscava homens homossexuais para seu círculo íntimo porque sua “brutalidade incomum” o ajudaria a governar o partido e planejar o Holocausto.

De fato, o livro alega que “o partido Nazista era completamente controlado por militares homossexuais durante toda sua curta história”. Lively e Abrams acrescentam que “Não podemos afirmar que os homossexuais causaram o Holocausto, mas não podemos ignorar seu papel central no Nazismo”. “Devemos responder ao mito do ‘triângulo cor-de-rosa’ — a ideia de que todos os homossexuais foram perseguidos na Alemanha nazista — com a realidade da “suástica cor-de-rosa”. Essas alegações foram usadas por numerosos grupos e indivíduos anti-gay, incluindo Bryan Fischer American Family Association (Associação da Família Americana), como prova de que homens homossexuais e lésbicas são violentos e doentes. O livro também atraiu audiência entre líderes anti-gay de igrejas na Europa Oriental e entre ativistas anti-gay dos EUA que falam russo.

OS FATOS

A Suástica Cor-de-Rosa foi totalmente desacreditada por historiadores e outros estudiosos legítimos. Christine Mueller, professora de História na Faculdade de Reed, fez, em 1994, uma refutação linha a linha de um artigo anterior de Abrams sobre o assunto e da alegação mais ampla de que o Partido Nazista era “inteiramente controlado” por homens homossexuais. O historiador da Faculdade Grove City Jon David Wynecken também refutou o livro, apontando a falta de pesquisa primária no trabalho de Lively e Abrams que, ao invés de pesquisar, usaram citações fora de contexto de fontes legítimas, porém ignoraram informações destas mesmas fontes que contrariavam suas teses. O mito de que a homossexualidade era aceita pelos nazistas surgiu nos anos 30, como uma difamação contra líderes nazistas por parte de oponentes socialistas do nazismo. Historiadores confiáveis acreditam que apenas um entre meia dúzia de líderes mais íntimos de Hitler, Ernest Röhm, era gay (Röhm foi assassinado por ordem de Hitler em 1934).

Os nazistas consideravam a homossexualidade como um aspecto da “degeneração” que tentavam erradicar. Quando o partido de Hitler, Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães subiu ao poder em 1933, ele rapidamente reforçou as punições existentes contra a homossexualidade na Alemanha. O chefe de segurança de Hitler, Heinrich Himmler anunciou que a homossexualidade devia ser “eliminada” da Alemanha juntamente com a miscigenação de raças. Historiadores estimam entre 50.000 e 100.000 os homens que foram presos por homossexualidade (ou suspeita de homossexualidade) sob o regime nazista. Esses homens foram enviados a campos de concentração, onde muitos milhares morreram. Himmler expressou seu ponto de vista sobre a homossexualidade da seguinte forma: “Devemos exterminar essas pessoas pela raiz e pelos galhos... Não podemos permitir tal perigo para o país; os homossexuais devem ser completamente eliminados”.

MITO 6

Leis contra crimes de ódio causarão a prisão de pastores que criticam a homossexualidade e a legalização de práticas como a depravação e a necrofilia.

O ARGUMENTO

Ativistas anti-gay, que há muito tempo se opõem a incluir a comunidade LGBT sob a proteção da legislação contra crimes de ódio, alegam repetidamente que tais leis levariam figuras religiosas que pregam contra a homossexualidade, para a prisão — parte de um apelo para ganhar apoio mais amplo da comunidade religiosa.

Janet Porter da Faith2Action, por exemplo, foi uma das muitas pessoas que afirmaram que o Hate Crimes Prevention Act (Ato de Prevenção de Crimes de Ódio) de Matthew Shepard e James Byrd Jr. — promulgado lei pelo Presidente Obama em outubro de 2009 — causaria a “prisão de pastores”, pois criminalizaria os discursos contra a agenda homossexual”.

Em uma afirmação parecida, ativistas anti-gay alegaram que a lei levaria à legalização de distúrbios psicossexuais (parafilias) como a depravação e a pedofilia.

O jornalista conservador cristão Bob Unruh, que trocou a The Associated Press em 2006 pelo site de notícias conspiracionistas de direita WorldNetDaily, afirmou, pouco antes da promulgação da lei, que ela legalizaria “todas as 547 formas de desvio sexual ou ‘parafilias’ listadas pela American Psychiatric Association (Associação Americana de Psiquiatria)”. Essa alegação foi repetida por muitas organizações anti-gay, inclusive o Illinois Family Institute (Instituto da Família de Illinois).

OS FATOS

A alegação de que leis contra crimes de ódio causariam a prisão daqueles que “se opõem ao estilo de vida homossexual” é falsa. A Primeira Emenda fornece proteção robusta à liberdade de expressão, e a jurisprudência deixa claro que, mesmo se um pastor sugerir publicamente que gays e lésbicas deveriam ser mortos, ele estaria protegido. As leis contra crimes de ódio — que preveem sanções reforçadas quando pessoas são vitimadas devido a sua “orientação sexual” (entre outros fatores) — também não “protegem pedófilos”, como Janet Porter e muitos outros alegam. De acordo com a Associação Americana de Psicologia, a orientação sexual diz respeito a heterossexualidade, homossexualidade e bissexualidade — não a parafilias, como a pedofilia. Parafilias, conforme definição (pdf; pode exigir um navegador de internet diferente) pela Associação Americana de Psiquiatria, são caracterizadas por impulsos ou comportamentos sexuais dirigidos a pessoas que não consentem ou são incapazes de consentir, como crianças, ou que envolvem sofrimento psicológico, lesões ou morte da outra pessoa. Além disso, mesmo que pedófilos, por exemplo, fossem protegidos pela lei contra crimes de ódio — e uma lei desse tipo não foi sugerida ou contemplada em parte alguma — isso não legalizaria ou “protegeria” a pedofilia. A pedofilia é uma atividade sexual ilegal, e uma lei que punisse mais severamente pessoas que atacassem pedófilos não mudaria isso.

MITO 7

Permitir que pessoas homossexuais sirvam abertamente prejudicará as forças armadas.

O ARGUMENTO

Grupos anti-gay vêm se opondo inflexivelmente a permitir que homens gays e lésbicas sirvam as forças armadas abertamente, não apenas por seu suposto receio de que a prontidão para o combate seria minada, mas porque o militarismo é considerado há muito tempo a meritocracia mais pura dos EUA (a integração racial foi realizada com sucesso nas forças armadas muito antes que na sociedade civil norte-americana, por exemplo).

Se gays servirem com honra e eficácia nesta meritocracia, isso implicaria que não existe base racional para discriminá-los.

OS FATOS

Gays e lésbicas servem às forças armadas dos EUA há muito tempo; contudo, sob a política “Don't Ask, Don't Tell” (Não Pergunte, Não Diga – DADT) que regeu os militares de 1993 a 2011, eles não podiam fazê-lo abertamente.

Ao mesmo tempo, gays e lésbicas de outros 25 países (em 2010) incluindo Grã-Bretanha, Israel, África do Sul, Canadá e Austrália servem às forças armadas de seus países abertamente de acordo com um relatório pulicado pelo Palm Center, um grupo de reflexão sobre política da University of California (Universidade da California) em Santa Barbara.

O relatório do Palm Center concluiu que a suspensão da proibição contra militares gays abertamente assumidos nestes países “não teve nenhum impacto negativo na moral, recrutamento, retenção, prontidão ou eficácia de combate”.

Transições bem-sucedidas para novas políticas foram atribuídas ao apoio claro das lideranças e ao foco em um código uniforme de comportamento que não leva em conta a orientação sexual.

Uma pesquisa de opinião de 2008 do Military Times com militares na ativa, frequentemente citada por ativistas anti-gay, apontou que 10% dos entrevistados afirmaram que considerariam deixar as forças armadas se a política do DADT fosse revogada. Isso significa que cerca de 228.000 pessoas poderiam ter deixado as forças armadas com a revogação dessa política em 2011.

Porém, uma revisão dessa pesquisa feita em 2009 pelo Palm Center sugeriu uma grande disparidade entre o que os soldados disseram que fariam e suas atitudes reais.

Foi observado, por exemplo, que mais de 10% dos oficiais de West Point nos anos 70 disseram que deixariam o serviço militar se mulheres fossem admitidas à academia. “Mas quando a integração tornou-se realidade”, diz o relatório, “não houve êxodo em massa; foi constatado que opiniões eram apenas opiniões”.

Da mesma forma, uma pesquisa feita com 6.500 militares canadenses do sexo masculino em 1985 e uma pesquisa com 13.500 militares britânicos em 1996, revelaram que aproximadamente dois terços expressaram fortes reservas contra servir com gays.

Ainda assim, quando esses países suspenderam as proibições contra o serviço de homossexuais abertamente assumidos no serviço militar, ninguém deixou o exército por esse motivo. “Nenhuma previsão da desgraça tornou-se realidade”, disse o relatório do Palm Center. Embora gays e lésbicas venham servindo as forças armadas abertamente desde setembro de 2011, grupos anti-LGBT continuam alegando que a presença de militares abertamente gays está causando problemas nas forças armadas, incluindo alegações de abuso sexual cometidos por soldados gays e lésbicas contra soldados heterossexuais.

O Palm Center refuta essa alegação e, em uma análise, apontou que a revogação da DADT “não teve nenhum impacto negativo geral na prontidão militar ou suas dimensões componentes”, incluindo agressão sexual. O Departamento de Defesa dos EUA publicou um relatório em 2012 apontando que de acordo com o então Secretário de Defesa Leon Pannetta, a revogação da DADT foi implementada efetivamente e não houve impacto na prontidão, coesão de unidade ou moral.

MITO 8

Pessoas homossexuais são mais inclinadas a desenvolver doenças mentais e abusar de drogas e álcool.

O ARGUMENTO

Grupos anti-LGBT desejam não apenas descrever a orientação sexual como algo que pode ser mudado, mas também mostrar que a heterossexualidade é a “escolha” mais desejável, mesmo se os argumentos religiosos forem desconsiderados.

O argumento secular usado mais frequentemente por grupos anti-LGBT a esse respeito é que a homossexualidade é inerentemente insalubre, tanto mental quanto fisicamente.

Assim, a maioria dos grupos conservadores anti-LGBT rejeitam a decisão de 1973 da Associação Americana de Psiquiatria – APA de remover a homossexualidade de sua lista de doenças mentais. Alguns desses grupos, incluindo a Aliança de Valores Tradicionais, de linha-dura, declaram que “ativistas homossexuais” infiltraram-se na APA a fim de influenciar sua decisão.

OS FATOS

Todas as principais organizações profissionais de saúde mental declaram que a homossexualidade não é um distúrbio mental.

A Associação Americana de Psicologia declara que ser gay é tão saudável quanto ser heterossexual, e observou que o trabalho da Dra. Evelyn Hooker na década de 1950 começou a desfazer este mito.

Em 1975, a associação divulgou uma declaração que afirmava, em parte, “a homossexualidade por si só não implica prejuízo do julgamento, da confiabilidade ou das capacidades sociais gerais e vocacionais”.

A associação declarou claramente no passado que “homossexualidade não é doença mental nem depravação mental... Estudo após estudo documenta a saúde mental de gays e lésbicas.

Estudos de julgamento, estabilidade, confiabilidade e adaptabilidade social e vocacional, todos mostram que gays e lésbicas funcionam tão bem quanto heterossexuais”. A Associação Americana de Psiquiatria afirma que a homossexualidade não é um distúrbio mental e que há registros de que todas as principais organizações profissionais de saúde confirmam isso.

A organização removeu a homossexualidade de seu manual oficial de diagnóstico em 1973, após extensa revisão da literatura científica e consulta com especialistas, que concluíram que a homossexualidade não é uma doença mental.

Embora seja verdade que a comunidade LGBT tende a sofrer mais de ansiedade, depressão, doenças relacionadas à depressão e abuso de álcool e drogas que a população em geral, isto se deve ao estigma social histórico da homossexualidade e à violência contra a comunidade LGBT, à homossexualidade em si.

Estudos realizados nos últimos anos determinaram que é o estresse de ser membro de um grupo minoritário em uma sociedade muitas vezes hostil — e não a identidade LGBT por si só — que explica os níveis mais elevados de doenças mentais e uso de drogas.

Richard J. Wolitski, um especialista em questões de saúde pública e do status de minorias do Centro para Controle e Prevenção de Doenças, fez a seguinte afirmação em 2008: “Desvantagem econômica, estigma e discriminação... aumentam o estresse e reduzem a capacidade dos indivíduos [de grupos minoritários] lidarem com o estresse, o que, por sua vez, contribui para piorar a saúde física e mental”.

Antes mesmo de 1994, estressores externos já eram reconhecidos como causa potencial de estresse emocional da comunidade LGBT.

Um relatório apresentado pelo Conselho de Assuntos Científicos à Reunião da Câmara dos Delegados Interinos da AMA a respeito das terapias reparatórias (“ex-gay”), observaram que a maioria dos distúrbios emocionais que gays e lésbicas experimentam acerca de sua identidade sexual não tem base em causas fisiológicas, mas em “um senso de alienação em um ambiente de não aceitação”.

Em 2014, um estudo, conduzido por vários pesquisadores de grandes universidades e a Rand Corporation, descobriu que pessoas LGBT que vivem em comunidades e circunstâncias altamente anti-LGBT encaram sérias preocupações com a saúde e até morte prematura devido ao estigma e exclusão social.

Um dos pesquisadores, o Dr. Mark Hatzenbuehler, professor de ciências médicas e sociais na Escola Mailman de Saúde Pública na Universidade de Columbia, afirmou que os dados colhidos na pesquisa sugerem que “minorias sexuais que vivem em comunidades com altos níveis de preconceito anti-gay têm aumento do risco de mortalidade comparado a comunidades com baixo nível de preconceito”.

A homossexualidade não é uma doença mental ou um problema emocional, e ser LGBT não torna uma pessoa mentalmente doente ao contrário do que organizações anti-LGBT afirmam. Ao invés disso, o estigma social e o preconceito parecem contribuir para as disparidades na saúde da população LGBT, que incluem angústia emocional e psicológica e mecanismos de enfrentamento nocivos.

MITO 9

Ninguém nasce gay.

O ARGUMENTO

Ativistas anti-gay se opõem profundamente à concessão de proteção dos direitos civis “especiais” para a comunidade gay, semelhantes aos proporcionados a negros e outras minorias.

Mas, se as pessoas nascem gays — assim como as pessoas não têm escolha se serão brancas ou negras — a discriminação contra homens gays e lésbicas seria muito mais difícil de justificar.

Assim, forças anti-gay insistem que a orientação sexual é um comportamento que pode ser mudado, e não uma característica imutável.

OS FATOS

A ciência moderna não pode afirmar categoricamente quais são as causas da orientação sexual, mas muitos estudos sugerem que é resultado de forças biológicas e ambientais, e não uma “escolha” pessoal.

Um estudo sueco de 2008 com gêmeos (o maior estudo sobre gêmeos do mundo publicado) em Os Arquivos do Comportamento Sexual concluiu que o “comportamento homossexual é amplamente moldado pela genética e por fatores ambientais aleatórios”.

O Dr. Qazi Rahman, coautor do estudo e um importante cientista da orientação sexual humana disse: “Este estudo é um balde de água fria para qualquer preocupação de que estejamos procurando por um único “gene gay” ou uma única variante ambiental que possa ser usada para excluir a homossexualidade — os fatores que influenciam a orientação sexual são complexos.

E não estamos apenas falando da homossexualidade aqui — o comportamento heterossexual também é influenciado por uma mistura de fatores genéticos e ambientais”.

Em outras palavras, toda orientação sexual — homossexual, bissexual ou heterossexual — é uma mistura de fatores genéticos e ambientais. A American Psychological Association (Associação Americana de Psicologia – APA) afirma que a orientação sexual “varia dentro de um espectro”, e reconhece que apesar de muitas pesquisas a respeito das possíveis influências genética, hormonal, social e cultural sobre a orientação sexual, os cientistas ainda não localizaram com precisão as causas da orientação sexual.

Independentemente disso, a APA conclui que “a maioria das pessoas tem pouca ou nenhuma escolha em relação a sua orientação sexual.” Em 1994, a APA observou que a “homossexualidade não é uma questão de escolha pessoal” e que as pesquisas “sugerem que a orientação homossexual está definida desde muito cedo no ciclo da vida, possivelmente antes do nascimento”.

A American Academy of Pediatrics (Academia Americana de Pediatras) declarou em 1993 (atualizado em 2004) que a “homossexualidade tem existido na maioria das sociedades desde os primeiros registros de práticas e crenças sexuais disponíveis” e que mesmo naquela época, “a maioria dos estudiosos no campo declaravam que a orientação sexual não era uma escolha... os indivíduos não escolhem ser homossexuais ou heterossexuais”.

Há questões sobre as causas específicas da orientação sexual, mas a maior parte da ciência atual reconhece que é uma mistura de fatores biológicos, ambientais e possivelmente hormonais, mas ninguém escolhe sua orientação.

MITO 10

Pessoas homossexuais podem escolher abandonar a homossexualidade.

O ARGUMENTO

Se as pessoas não nascem gays, como os ativistas anti-gay alegam, então é possível uma pessoa deixar de ser homossexual.

Esta visão é amparada, entre ativistas anti-gay religiosamente motivados,pela ideia de que a homossexualidade é um pecado e que os seres humanos têm o livre arbítrio necessário para rejeitar impulsos pecaminosos.

Uma série de pastores “ex-gays” surgiu recentemente com o objetivo de ensinar a pessoas homossexuais como tornarem-se heterossexuais, e eles se tornaram os principais propagadores da alegação de que gays e lésbicas podem “sair da homossexualidade” com a ajuda de terapia cognitiva e ensinamentos cristãos.

O atualmente extinto Exodus International (Exôdo Internacional), o maior desses ministérios, uma vez afirmou que “Você não precisa ser gay!”.

Enquanto isso, seguindo uma linha mais secular, a National Association for Research and Therapy of Homosexuality (Associação Nacional para Pesquisa e Terapia da Homossexualidade) se descreve como “uma organização profissional e científica que oferece esperança para aqueles que procuram libertar-se da homossexualidade indesejada”.

OS FATOS

A terapia “reparadora” ou de reorientação sexual — o pilar pseudocientífico do movimento ex-gay — foi rejeitada por todas as organizações consagradas e bem conceituadas nas áreas médica, psicológica, psiquiátrica e de orientação profissional.

Em 2009, por exemplo, a American Psychological Association (Associação Americana de Psicologia adotou uma resolução, acompanhada de um relatório de 138 páginas repudiando a terapia ex-gay.

O relatório concluiu que evidências convincentes sugeriam que casos de indivíduos que deixavam de ser gays tornando-se heterossexuais eram “raros” e que “muitos indivíduos continuavam experimentando atração sexual por pessoas do mesmo sexo” depois da terapia reparadora.

A resolução da APA acrescentou que “não há evidências suficientes para apoiar o uso de intervenções psicológicas para mudar a orientação sexual” e pediu aos “profissionais da saúde mental que não deturpem a eficácia dos esforços de mudança de orientação sexual, ao promover ou prometer mudanças de orientação sexual”.

A resolução também afirmou que ter sentimentos sexuais e românticos por pessoas do mesmo sexo é normal.

Um grande número de organizações profissionais das áreas médica, científica e de aconselhamento dentro e fora dos EUA publicaram declarações a respeito dos danos que a terapia reparadora pode causar, particularmente se for baseada na hipótese de que a homossexualidade é inaceitável.

Já em 1993 a American Academy of Pediatritians (Academia Americana de Pediatras) declarou que a “terapia direcionada especificamente à mudança de orientação sexual é contraindicada, pois pode provocar culpa e ansiedade e ao mesmo tempo ter pouco ou nenhum potencial de alcançar a mudança de orientação”.

A American Medical Association (Associação Médica Americana) se opõe oficialmente à terapia reparadora que é “baseada na hipótese de que a homossexualidade em si é um distúrbio mental ou baseada na premissa de que a pessoa deve mudar sua orientação homossexual”.

A Pan-American Health Organization (Organização Pan-Americana de Saúde), a mais antiga agência internacional de saúde pública do mundo emitiu uma declaração em 2012 que afirmava, em parte: “Serviços que pretendem ‘curar’ pessoas de sua orientação sexual não-heterossexual carecem de justificativa médica e representam uma ameaça grave à saúde e ao bem-estar dessas mesmas pessoas”.

A declaração continua, “Em nenhuma manifestação individual a homossexualidade constitui um desvio ou doença, e por isso não requer cura”. Algumas das mais marcantes evidências, ainda que anedóticas, da ineficácia da terapia de reorientação sexual foram os numerosos casos de fracassos de seus mais ardentes defensores.

Por exemplo, o fundador do Exodus International (Êxodo Internacional), Michael Bussee, deixou a organização em 1979 com um colega conselheiro ex-gay porque os dois se apaixonaram.

Outros exemplos incluem George Rekers, ex-membro do conselho da NARTH e anteriormente um dos principais estudiosos da direita cristã anti-LGBT que revelou ter se envolvido em um encontro homossexual em 2010.

John Paulk, ex-garoto propaganda da campanha anti-gay “Love Won Out” (O Amor Venceu) no final da década de 1990, atualmente vive como um homem gay feliz.

E Robert Spitzer, um proeminente psiquiatra que em 2001 fez uma pesquisa indicando que alguns gays haviam mudado sua orientação sexual, repudiou seu próprio estudo em 2012. O estudo de Spitzer foi amplamente usado por organizações anti-gay para provar que a orientação sexual pode mudar.

Em 2013, a Exodus International (Êxodo Internacional), que já foi um dos maiores ministérios do mundo, fechou depois que seu diretor, Alan Chambers, publicou um pedido de desculpas à comunidade LGBT.

Chambers, que é casado com uma mulher, admitiu que sua atração por pessoas do mesmo sexo não mudou. Em uma conferência de 2012, ele afirmou:

“A maioria das pessoas que conheci, e quando digo maioria quero dizer 99,9% delas, não experimenta mudança em sua orientação sexual, nem pode dizer que nunca sentirá ou não sente tentação de alguma forma ou experimenta algum nível de atração por pessoas do mesmo sexo”.

Glossário

English

Portuguese

Stonewall riots

rebelião de Stonewall

gay rights

direitos dos homossexuais

same-sex marriage

casamento homoafetivo

Defense of Marriage Act

Lei de Defesa do Casamento

California’s Proposition 8

Proposição 8 da Califórnia

hard-line right

direita linha-dura

hard-line religious right

direita linha-dura religiosa

American hard-line religious right

direita linha-dura religiosa americana

LGBT people

pessoas LGBT

in the closet

no armário

anti-gay

anti-gay

LGBT community

comunidade LGBT

death penalty

pena de morte

aggravated homosexuality

homossexualidade agravada

religious ideologues

ideólogos religiosos

constitutionality

constitucionalidade

anti-sodomy laws

leis anti-sodomia

far-right religious forces

forças religiosas de extrema-direita

statute

estatuto

draconian

draconiano

Alliance Defending Freedom

Alliance Defending Freedom (Aliança em Defesa da Liberdade)

pro-criminalization

pró-criminalização

bigots

intolerantes

bigotry

intolerância

religious right

direita religiosa

religious freedom

liberdade religiosa

criminalization

criminalização

anti-gay hatred

ódio anti-gay

young schoolchildren

crianças em idade escolar

pedophilia

pedofilia

gay men

homens homossexuais

human rights

direitos humanos

International Covenant on Civil and Political Rights

Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos

anti-LGBT discrimination

discriminação anti-LGBT

gay sex

sexo homossexual

proselytizing

proselitismo

Family Research Council

Family Research Council (Conselho de Pesquisa Familiar)

bullying

assédio moral

mainstream media

meios de comunicação de massa

homosexuality

homossexualidade

homosexual movement

movimento homossexual

homosexual rights movement

movimento dos direitos homossexuais

Focus on the Family

Focus on the Family (Foco na Família)

independent nonprofit

organização independente sem fins lucrativos

stem cell

células-tronco

stem cell research

pesquisas com células-tronco

far right

extrema-direita

Concerned Women for America

Concerned Women for America (Mulheres Preocupadas com a América)

religious right lobbying

lobby da direita religiosa

pro-life movement

movimento pró-vida

“ex-gay” movement

movimento “ex-gay”

LGBT civil rights

direitos civis LGBT

equal rights

direitos iguais

call into question

questionar

American Psychological Association

American Psychological Association (Associação Americana de Psicologia)

state representative

deputado estadual

white supremacist

supremacista branco

Council of Conservative Citizens

Council of Conservative Citizens (Conselho de Cidadãos Conservadores)

American College of Pediatricians

American College of Pediatricians (Faculdade Americana de Pediatria)

sexual orientation

orientação sexual

consensual sex

sexo consensual

sexual abuse

abuso sexual

junk science

dados científicos fraudulentos

child sex abuse

abuso sexual infantil

marriage equality

igualdade no casamento

Employment Non-Discrimination Act (ENDA)

Employment Non-Discrimination Act (Ato de Não Discriminação no Emprego)

gay people

pessoas homossexuais

hard-line

linha-dura

hard-line elements of the religious right

pessoas linha-dura da direita religiosa

anti-gay right

direita anti-gay

anti-gay movement

movimento anti-gay

anti-gay organizations

organizações anti-gay

Child Molestation Research & Prevention Institute

Child Molestation Research & Prevention Institute (Instituto de Pesquisa & Prevenção do Abuso Sexual Infantil)

think tanks

grupos de reflexão

think tank

grupo de reflexão

United Belize Advocacy Movement (UNIBAM)

United Belize Advocacy Movement (Movimento da Advocacia Unificada de Belize – UNIBAM)

United Belize Advocacy Movement

United Belize Advocacy Movement (Movimento da Advocacia Unificada de Belize)

Supreme Court of Judicature

Supreme Court of Judicature (Supremo Tribunal da Magistratura)

Human Dignity Trust

Human Dignity Trust (Fundo da Dignidade Humana)

Commonwealth Lawyers Association

Commonwealth Lawyers Association (Associação de Advogados da Commonwealth)

International Commission of Jurists

International Commission of Jurists (Comissão Internacional de Juristas)

Belize Action

Belize Action (Ação Belize)

Extreme Prophetic Ministries of Phoenix

Extreme Prophetic Ministries of Phoenix (Ministério Profético Extremo de Phoenix)

Catholic Family & Human Rights Institute

Catholic Family & Human Rights Institute (Instituto Católico da Família e dos Direitos Humanos)

homophobes

homofóbicos

Political Research Associates

Political Research Associates (Associados para Pesquisa Política)

American Center for Law and Justice

American Center for Law and Justice (Centro Americano para Lei e Justiça)

Christian Coalition

Christian Coalition (Coalizão Cristã)

Militia of the Holy Spirit

Militia of the Holy Spirit (Milícia do Espírito Santo)

United Families International

United Families International (Famílias Unidas Internacional)

Truth in Action Ministries

Truth in Action Ministries (Ministérios da Verdade em Ação)

Campus Crusade for Christ

Campus Crusade for Christ (Cruzada Campus para Cristo)

Christian Right

direita cristã

World Congress of Families

World Congress of Families (Congresso Mundial das Famílias)

European Union Agency for Fundamental Rights

European Union Agency for Fundamental Rights (Agência da União Europeia para os Direitos Fundamentais)

Christian Broadcasting Network

Christian Broadcasting Network (Rede Cristã de Radiodifusão)

American Family Association

American Family Association (Associação da Família Americana)

Jews for Jesus (Judeus por Jesus)

 

Islamic Shariah law

lei islâmica da sharia

Catholic Family & Human Rights Institute

Catholic Family & Human Rights Institute (Instituto da Família Católica e Direitos Humanos)

Human Life International

Human Life International (Vida Humana Internacional)

Catholic Faith and Reason Institute

Catholic Faith and Reason Institute (Instituto da Fé Católica e Razão)

Pontifical Council for Justice and Peace

Pontifical Council for Justice and Peace (Conselho Pontifício pela Justiça e Paz)

Conservative Political Action Conference

Conservative Political Action Conference (Conferência de Ação Política Conservadora)

Family Watch International

Family Watch International (Observatório Internacional da Família)

Global Helping to Advance Women and Children

Global Helping to Advance Women and Children (Ajuda Global para o Avanço de Mulheres e Crianças)

Nigerian Bar Association

Nigerian Bar Association (Ordem dos Advogados Nigerianos)

National Association for Research & Therapy of Homosexuality

National Association for Research & Therapy of Homosexuality (Associação Nacional de Pesquisa e Terapia da Homossexualidade)

The Howard Center for Family, Religion & Society

The Howard Center for Family, Religion & Society (Centro Howard para Família, Religião e Sociedade)

Americans for Truth About Homosexuality

Americans for Truth About Homosexuality (Americanos pela Verdade sobre a Homossexualidade)

People for the American Way’s Right Wing Watch

People for the American Way’s Right Wing Watch (Observatório da Direita das Pessoas pelo Modo de Vida Americano)

University of the West Indies Rights Advocacy Project

University of the West Indies Rights Advocacy Project (Projeto de Advocacia de Direitos da Universidade das Índias Ocidentais)

Extreme Prophetic Ministries

Extreme Prophetic Ministries (Ministério Profético Extremo)

Alliance Against AIDS

Alliance Against AIDS (Aliança Contra a AIDS)

International Service for Human Rights

International Service for Human Rights (Serviço Internacional para os Direitos Humanos)

Human Rights Watch

Human Rights Watch (Observatório dos Direitos Humanos)

International Gay & Lesbian Human Rights Commission

International Gay & Lesbian Human Rights Commission (Comissão Internacional dos Direitos Humanos de Gays & Lésbicas)

OHCHR

ACNUDH

Office of the UN High Commissioner for Human Rights

Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos